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Depois de uns dias de muita chuva e tempo nublado na Escócia e no País de Gales, começamos a desanimar. Estávamos realmente fartos do mau tempo, não conseguimos visitar metade do que tínhamos previsto e tínhamos o tempo contado para estar em Inglaterra. Viemos descendo à procura de bom tempo e como na “main land” não havia previsão de melhorias, decidimos conhecer uma ilha: “Isle of Bute”.  Apanhamos o ferry em Colintraive (17 eur ida e volta) e lá fomos nós à procura do bom tempo. Não, não fomos visitar nada na ilha, fomos apenas à procura de sol e tranquilidade. E … encontramos! Tivemos também a sorte de nos cruzarmos com focas… foi um momento mesmo giro, vê-las ali tão próximo de nós.

Seguimos então para Wolverhampton onde fomos ver um jogo da equipa da cidade. A equipa inglesa com mais portugueses no seu plantel. Foram dois dias maravilhosos por lá…num deles fomos conhecer o centro de estágio e no dia seguinte fomos ver o jogo oficial: Wolverhampton Vs Fulham. Ver um jogo da Premier League é uma sensação indiscritível. Quem gosta de futebol tem obrigatoriamente que ver um jogo da liga inglesa, pois só aqui se sente o verdadeiro espírito do futebol!

Tínhamos bilhete comprado para passar no ferry, com data previamente definida, por isso lá fomos nós rumo a França. Finalmente … Sul de França, aqui vamos nós. A excitação do calor, praia, mediterrâneo, começou a tomar conta de nós.

Pusemos o destino no GPS e faltavam umas 10h … mas nem isso nos desanimou, afinal sabíamos que tínhamos que fazer França de ponta a ponta. Nos arredores de Paris tivemos uma paragem técnica para fazermos a revisão dos 10.000 km à Pingu. Coitadinha, estes loucos metem-se em aventuras e ela é que paga!

Queríamos então começar a fazer o sul de França pela zona de Marselha, mas vimos no google maps que havia lá próximo um Parque Natural. Como somos apaixonados por estes parques, lá fomos nós. Parc Naturel Regional de Camargue, é uma área protegida com uma linda lagoa, Étang de Vaccarès. O trilho que percorremos junto à lagoa é fascinante, cheio de vegetação, de animais, desde cavalos selvagens, vacas, touros, garças…mas sem dúvida que os que sobressaem são os flamingos! É encantador ir andando e vendo a lagoa cheia de flamingos, de um cor de rosa maravilhoso. Vale mesmo a pena a passagem por lá.

Marselha é um centro muito grande, pelo que nestes casos nunca pernoitamos nestas cidades, tentamos sempre ficar nas cidades próximas para fugir à confusão e porque é muito difícil estacionar a Pingu. Lógico que pernoitar aqui é impensável  por uma questão de segurança. Na costa mediterrânica estamos a começar a sentir uma pequena “aversão” aos caravanistas. Existem placas de proibição por todo lado. Não, não é apenas de pernoitar, mesmo estacionar não podemos. Vimos então um parque de campismo em Martigues (antes de Marselha) bastante barato, comparativamente com os outros, 15 eur por noite, com todas as comodidades, pelo que decidimos ficar lá. A escassos metros da praia, uma localização excelente: Camping Pascalounet. Aqui sentimos realmente que chegamos ao que procurávamos, solinho, montamos o nosso “estaminé”, mesa, cadeiras, a nossa cama de rede… foi tão bom tão bom que ficamos duas noites.

Conhecemos uns franceses na estrada, na Escócia, que nos aconselharam a visitar Les Goudes e os Calanques de Marselha. O meu irmão foi ter connosco e fizemos esse trajeto juntos. De Marselha para Les Goudes, a estrada é junto ao mar, lindíssima, a praia cheia de malta a fazer windsurf, a água azul turquesa…top! A vila tem um porto piscatório muito simpático, com uma baía repleta de restaurantes, e continuando o caminho, a estrada é ladeada de grandes escarpas para o mar turquesa, um passeio bonito!  Para ficarmos os 4 confortavelmente na Pingu, decidimos ir para outro parque de campismo, desta vez mais próximo dos Calanques : Les Cigales, em Cassis. Foi a primeira vez que dormiram 4 pessoas na Pingu… estávamos com casa cheia!

Os Calanques de Marselha, são falésias ou desfiladeiros de calcário, com entradas para o mar mediterrâneo, formando diversas praias de água azul turquesa. Vai desde Marselha até Cassis, percorrendo à volta de 20 km. Há vários, sendo os mais conhecidos os :

– Calanque d´En-Vau

– Calanque de Port-Pin

– Calanque de Port-Miou

– Calanque de Sormiou

Depois de pesquisarmos decidimos fazer o Calanque d´En-Vau por ser o mais virgem (com acesso mais difícil) e, dizem, o mais bonito. Acordamos bem cedo, preparamos umas sandes para o almoço, e lá fomos nós. Estacionamos o carro no parque de estacionamento junto à estrada Col de La Gineste e seguimos a pé pela Route Gaston Rebuffat, pois tem uma barreira que impede a passagem de carros. Dali existem vários trilhos, nós optamos pelo mais fácil pela estrada, e foi só seguir as placas. A caminhada é longa (cerca de 2h) mas lindíssima, pelo meio da natureza e acompanhada de paisagens maravilhosas com o mediterrâneo ao fundo. A chegada à praia foi acompanhada com um “ WOWWWW” geral…uma praia cercada por falésias imensas e uma água de um azul cortante. Sentamo-nos e ficamos a apreciar aquela beleza e a ganhar coragem para um mergulho…Bem, a água estava gelada, mas nem assim nos desencorajou do primeiro mergulho do ano!

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Na volta fizemos meio caminho pela estrada e outro meio pela “trilha difícil” como está referido nas placas. Demoramos bem menos, pois corta-se imenso caminho e faz-se super bem.

Recomendações:

– Levar água e comida pois na praia não existe nada.

-Levar sapatilhas ou botas de caminhada.

– Estacionar no parque junto à estrada. Mais à frente, na Route Gaston Rebuffat, escolher a trilha difícil (esquerda, corta-mato) ou trilha fácil (direita, pela estrada).

– Todo o caminho está sinalizado com marcas no chão ou nas árvores.

– Uns 3.5 km à frente vai aparecer outro parque de estacionamento (mas os carros não podem passar para lá), Parking Col de la Gardiole, e voltam a ter que escolher a trilha difícil (esquerda, corta-mato) ou trilha fácil (direita, pela estrada).

``Trilha difícil ``

``Trilha fácil ``

Depois desta longa caminhada, dos mergulhos, do sol, escusado será dizer que ficamos todos rotos e a nossa cura foi numa esplanada no Porto de Cassis, a beber uma bebida fresca. Cassis é uma pequena vila, com um porto lindíssimo e umas esplanadas super charmosas à volta. Tem uma rua de comércio com lojas giríssimas, gelatarias, por momentos pensamos que estávamos em Itália.

Pela manhã saímos bem cedo em direcção a um lago que descobrimos num post de instagram, mas pelo caminho deparamo-nos com uma estrada lindíssima, La Route de Crêtes. Curva e contracurva, cotovelos e mais cotovelos, miradouros de tirar a respiração e volta e meia aparecia uma aberta com uma paisagem incrível para o mediterrâneo.

Foram umas horas, para o interior, até ao famoso Lac Saint Croix, mas mal o vimos lá do alto ficamos logo de boca aberta. Queríamos muito arranjar um spot junto à água para apreciarmos aquela cor bem de perto. Pusemo-nos por um caminho de pedras e terra batida e lá chegamos ao lugar perfeito.

created by dji camera
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Meu Deus, não conseguíamos falar. O azul turquesa daquele lago era algo inacreditável. Queríamos ficar ali a dormir, mas as placas de proibição por todo o lado desencorajaram-nos. Acabamos por dormir num parque de estacionamento sem vista nenhuma, no meio da montanha, e continuamos sem perceber a razão das placas de proibição para as autocaravanas. Mas isso é uma questão que gera muita controvérsia e um dia falaremos sobre isso.

Estava na hora de voltar para a costa, saímos de Aiguines, onde o Rio Verdon desagua no lago. Percorremos a margem do rio, pela D71, até Campus Sur Artuby. A estrada é sempre pela montanha com uma escarpa enorme ao nosso lado. Impõe respeito! Mas quando chegamos ao final, a vista para o mediterrâneo é uma lufada de ar fresco.

Saint Tropez, ficamos no melhor parque de campismo de sempre, mesmo em cima da praia. Estacionamos a Pingu na areia. Estava um sol delicioso, aquele mar azul ali a bater, panorama brutal. Deu para fazermos um treininho, deu para caminharmos pela praia, deu até para um mergulho. Tão bom…. Pagamos 30 eur por uma noite no Camping La Plage, mas valeu cada cêntimo.

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Depois fizemos a costa azul desde Saint Tropez até ao Mónaco, sempre junto ao mar. Paisagens maravilhosas com uma água de um azul maravilhoso, cada vila com um porto mais bonito que o outro… Estávamos constantemente a parar para tirar fotografias e para filmar. Cannes, Nice, Mónaco, tudo de uma riqueza impressionante, desde grandes carros, iates gigantes, pessoas com muito bom aspeto. Em Cannes começamos a ver grande algazarra, passadeira vermelha, holofotes, paparazzi e percebemos que estávamos no meio do Festival de Cannes. No Mónaco, só policia por todo o lado e percebemos que estavam a montar o circuito para o Grande Prémio do Mónaco. Duas cidades, dois grandes eventos e nós no dia certo à hora certa.

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Acabamos assim a nossa estadia por França e iremos passar para Itália, onde vamos ficar um mês.

Fiquem atentos aos próximos episódios e ….

Sejam Felizes,

Mochileiros

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